Eu e o Tempo

Eu me interessei pelo assunto da “falta de tempo” há mais de 20 anos. Por causa própria, diga-se de passagem. Acabara de sair da relativa zona de conforto que é o trabalho em grandes corporações diretamente para o dia-a-dia agitado de uma agência de publicidade. Ou seja, trocara uma rotina profissional mais estruturada por um contexto de atividades bem mais imprevisíveis e com muita, muita pressão. 
A sensação predominante, então, era que o tempo não dava pra tanta coisa. Trabalhava até tarde, estava sempre estressado e as interferências na vida pessoal e familiar começaram a ficar inaceitáveis.

Comprei um livro sobre o assunto: Arte do Tempo. Gostei. Comecei a seguir algumas de suas dicas e tive os primeiros resultados. Resolvi me aprofundar, comprando (muitos) outros livros. Mais dicas, mais reflexão e outras melhorias na minha forma de lidar com o tempo.

Aí o Universo começou a conspirar. Comentei sobre minhas “descobertas” – e meu entusiasmo - com Carvalhal e Geraldo, amigos que trabalhavam na área de educação executiva. Um par de meses depois, eles me telefonam dizendo que um cliente, a Siemens, havia solicitado um curso de...Administração do Tempo. Aceitei, na hora, preparar um workshop piloto, que foi bem avaliado, replicado e se transformou num bom produto. Nos anos seguintes, duas coisas aconteceram. Acabei escrevendo um livro – Uma Questão de Tempo - que resultou na venda de 14.000 exemplares. E isto ajudou ainda mais a aumentar a demanda por cursos e workshops. Em pouco tempo, havia me transformado num especialista no assunto. E ajudar outras pessoas a mudar e estabelecer uma nova relação com o tempo etm sido, desde então, muito gratificante para mim.

Segundo tempo
Sempre em paralelo às minhas atividades de executivo em agências de publicidade, seguiram-se outros dois fatos muito marcantes. Primeiro, o Mestrado em gestão de empresas, que acabou me aproximando do fascinante universo da sustentabilidade corporativa, com minha participação na fundação da Ekobé em 2004. E, em 2006, o diagnóstico de um câncer de próstata (seguido de cirurgia e tratamentos). Ambos mexeram muito comigo e me trouxeram reflexões fundamentais sobre o tempo e minha relação com ele. Com o aprofundamento sobre sustentabilidade, ganharam força os ritmos e ciclos da natureza, os impactos do estilo de vida contemporâneo, a consciência do consumo. E das fortes lições ao enfrentar e superar uma doença grave, cresceram de importância o respeito pelo momento presente, as práticas de meditação e respiração, e a percepção de um tempo mais circular se integrando ao tempo linear. Esses aprendizados resultaram no livro Tempo Orgânico, em que tive, na sua elaboração, uma experiência tão marcante quanto vê-lo finalizado e publicado, no segundo semestre de 2012, abrindo novas portas de percepção e conhecimento (vide o blog: www.tempoorganico.com).

Novo movimento
De lá pra cá, de volta a palestras e workshops, nova evolução vem se delineando. De um lado, minha perplexidade diante do agravamento do problema da falta de tempo e suas consequências sobre as pessoas. A impressão que me dá é que “todos” estão conformados em viver menos plenamente do que têm “direito” e sob (muito) mais stress do que deveriam. É preciso romper com esta zona de (des)conforto.

Por outro lado, graças a novas descobertas da neurociência, alguns conteúdos se revelam cada vez mais importantes para as mudanças de comportamento que resultem em um tempo mais produtivo e uma vida com maior sentido e realização. Entre eles, se destacam a reengenharia dos hábitos indesejáveis e a superação de uma das maiores dificuldades de nossos dias: atenção e foco no que estamos fazendo a cada momento, em meio aos prós e contras da alta tecnologia que nos ao mesmo tempo nos liberta e nos aprisiona.

São os fatores chaves de uma nova evolução no meu trabalho, que me proponho a compartilhar com você, aqui neste blog.

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